Vemos na Bíblia, que Deus é o Criador de todas as coisas, inclusive do ser humano (Mc 10. 6). No Éden, vemos que o ser humano conhecia Deus diretamente (Gn 1. 28-29; Gn 3. 9). Incrivelmente, o ser humano preferiu acreditar em outra palavra, encantado pela possibilidade de ser igual a Deus, e caiu (Gn 3. 1-19).
Hoje, ouvimos pessoas usando o conhecimento científico para sustentar que não há Deus. O mesmo erro do Gênesis: uma tentativa de independência, de ser mais do que Deus. Por esse pensamento, o homem pensa que sozinho pode compreender o mundo e a si próprio e que a Ciência basta para isso: a razão liberta as mentes e Deus não é mais preciso. A Ciência matou Deus.
Do outro lado estão alguns cristãos, que atacam vigorosamente a Ciência para defender Deus, como se acreditassem que há mesmo uma ameaça. Para eles o combate a certas teorias científicas é necessário.
A Ciência é uma forma de conhecer a natureza, trata de coisas naturais e as explica a partir de causas naturais. Ela não se presta ao estudo do sobrenatural, nem pode, pois seus métodos não são aplicáveis ao sobrenatural. Há limites na ciência e há perguntas que ela não pode responder como as célebres “qual o sentido da vida?” ou “por que o mundo existe?”. Não há metodologia científica que possa responder a isso. Há também aquelas que a ciência responde com sua visão, como “o que é a felicidade?”. Para essa pergunta a explicação científica liga a felicidade a reações bioquímicas em nosso cérebro, mas isso não mostra todos os lados da felicidade. Podemos lançar mão também de explicações filosóficas, populares ou religiosas para entender melhor esse sentimento.
Então, a ciência se restringe ao natural e não pode provar que Deus existe ou não existe, nem tampouco tem todas as respostas para o mundo. Precisamos de outras fontes de conhecimento para entender o mundo completamente.
Francis Collins, um renomado cientista e cristão, no livro O Teste da Fé,1 argumenta que a ciência, que mal nos permite examinar a criação de Deus, não o pode ameaçar, mas sim nos traz a oportunidade de compreendê-lo melhor e de ficar mais maravilhados com a sua criação. Seria interessante olhar de fato o que a ciência tem descoberto e pensar em cima dessas informações; seria interessante estudar mais a Bíblia para ver o que ela realmente fala sobre Deus; seria interessante nos despirmos do preconceito e procurar saber exatamente como é a informação. Especialmente para nós cristãos, tendo a certeza de que tudo foi criado, seria interessante usar a ciência para crescer no conhecimento desse Deus poderoso que fez a incrível natureza com todos os seus detalhes e mistérios. Afinal de contas, se Deus fez, a ciência não pode descobrir diferente. Do que temos medo, então? O mesmo conhecimento científico que faz os ateus dizerem que não há Deus pode nos fazer cair aos seus pés em reconhecimento de sua grandeza.
Por Sorele Batista Fiaux – Congrega na Igreja Batista Itacuruçá na cidade do Rio de Janeiro. Engenheira Química, mestre e doutora em Processos Químicos e Bioquímicos pela UFRJ. Docente e pesquisadora da Universidade Federal Fluminense, onde coordena o Laboratório de Tecnologia Microbiana.
- Collins, Francis. Aprendendo a linguagem de Deus, p. 30 In: Bancewicz, Ruth. (org.) O teste da fé – os cientistas também creem. Tradução Guilherme Carvalho. Editora Ultimato, Viçosa, 2013.
