Sucesso, Fidelidade ou Frutos? Fabrício Freitas

Frutos

Timothy Keller[1] – em seu livro “Igreja Centrada” ele diz algo interessante sobre a vida um ministro e suas motivações: “Quando ingressamos na vida ministerial, é natural perguntarmos “Como estou me saindo? E como posso me informar sobre isso?”

Temos algumas respostas segundo Keller para estas perguntas hoje:

  • Sucesso – Muitos dizem que: se sua igreja estiver crescendo em números de conversões, membros e receita financeira você é um obreiro de sucesso. É uma visão em ascensão devido o individualismo do nosso tempo. Agora, este conceito está corroendo as instituições e a comunidade, pois em nome do “sucesso” o líder está disposto a fazer de tudo, até mesmo abrir mão de suas convicções bíblicas.
  • Fidelidade – Em resposta a grande ênfase do “Sucesso” quantificável, muitos rebatem afirmando que o único e verdadeiro critério para um ministro é a “fidelidade”. De acordo com esta visão, afirma Keller, o que realmente importa é um ministro doutrinariamente saudável, de caráter santificado e fiel na pregação e no pastoreio. Mas esta reação “fidelidade sim, sucesso não” é uma simplificação exagerada que também apresenta perigos. Charles Spurgeon, grande pregado inglês do século 19 afirmou:

“Recebo inscrições de alguns bons homens que se destacam por enorme [paixão] e zelo, mas uma inegável ausência de cérebro. São irmãos que falam sem parar sobre coisa alguma, que pisoteiam e golpeiam a Bíblia, mas sem nenhum resultado. São Sinceros, absolutamente sinceros, com um labor imenso, do tipo mais penoso, mas nada resulta desse esforço…. Portanto normalmente tenho rejeitado suas inscrições.”

Keller mostra que Spurgeon tem inegável afeto por estes homens. Ele não está os ridicularizando. Ele mostra que são profundamente comprometidos com a obra ministerial, no entanto, sem nenhum resultado. Quando ensinam a pouco aprendizado, quando pregam há pouco ou nenhuma conversão. Assim, ele rejeita suas inscrições em sua escola de pastores. E simplicidade exagerada pensar que somente a fidelidade é o suficiente. É preciso mais que fidelidade para avaliar se estamos sendo pastores como devemos ser.

  • Frutos – Afirma Keller, à medida que ele lia, refletia e ensinava, chegou a conclusão de que a capacidade de dar frutos é um tema mais bíblico para avaliar o ministério do que o sucesso ou a fidelidade. Jesus foi muito claro em afirmar seus discípulos que eles deveriam dar muito fruto (João 15:8). Paulo ainda foi mais especifico quando se referiu as conversões como “fruto”, quando expos seu desejo em Roma: “para conseguir algum fruto entre vós, como também entre os demais gentios” (Rm 1.13).

O movimento de “crescimento de igreja” vai nos ensinar grandes contribuições para o avanço da obra. Contribuições duradouras para o avanço do evangelho entre as nações. No entanto, sua ênfase excessiva em métodos e resultados acaba exercendo muita pressão sobre os ministros. Ao contrário, aqueles que defendem a “fidelidade é o que se exige”, estão corretos de um modo geral, mas essa mentalidade deixa de exigir de nos líderes uma postura de colheita. Ela não nos leva a questionar com seriedade um ministério pouco frutífero.

Por fim, afirma Keller, quando a capacidade de dar frutos é o nosso critério de avaliação, sentimo-nos responsáveis, mas não esmagados pela expectativa de que certa quantidade de pessoas terá que mudar de forma impressionante sob a influência do nosso ministério. Podemos concluir que, nossa fidelidade vai nos levar a muitos frutos como afirma Jesus.

Por Fabrício Freitas – O autor é Gerente Executivo de Evangelismo da Junta e Missões Nacionais da Convenção Batista Brasileira. Formado em Teologia pela Faculdade Teológica Batista de Brasília, é Mestre em Teologia com ênfase Missiológica, pelo Southeastern Baptist Theological Seminary. É apaixonado pelo resgate histórico dos princípios e valores neotestamentários e autor do livro: “De volta aos Princípios” lançado pela editora Convicção e Missões Nacionais em 2015. Acessando este link http://migre.me/tt2qb  você pode adquirir os materiais da visão de Igreja Multiplicadora.

[1] KELLER, Timothy. A Igreja Centrada. São Paulo: Vida Nova, 2014. p. 15-17

Compartilhe