Motivações Equivocadas para Implementar a Visão de Igreja Multiplicadora

A motivação pela qual fazemos as coisas irá determinar o nosso sucesso ou fracasso. Como mobilizador e treinador de Igreja Multiplicadora há mais de cinco anos, tenho visto uma série de razões equivocadas que os pastores têm apontado para iniciar a implementação dessa visão. Estas são as principais motivações erradas que tenho encontrado:

1 – “Vou tentar alguma coisa diferente para sair da crise de meu ministério.”

Há pouco tempo, fui convidado por um pastor para dar um treinamento em sua igreja, e percebi que a razão era porque seu ministério não estava indo bem. Mas Igreja Multiplicadora não é “tábua de salvação” para o ministério de um pastor. Além disso, uma das premissas para uma implementação bem-sucedida é que o pastor desfrute da confiança da igreja para conduzi-la rumo à multiplicação de discípulos. Não estou falando que tudo precise estar perfeito e que o líder esteja isento de oposições. Mas a implementação tem seus desafios, e o ministério do pastor deve estar em ordem. A visão exige foco tanto do pastor quanto da igreja, e problemas menores poderão impedir que ambos se concentrem no primordial, que é o cumprimento da Grande Comissão.

2 – “Vamos preparar a igreja até o próximo pastor chegar.”

Essa frase geralmente é dita pelo líder de uma igreja sem pastor e em fase de sucessão pastoral. Contudo, creio que esse não é um bom momento nem um motivo apropriado para começar a implementação de Igreja Multiplicadora. A visão deve ser um direcionamento que parta do pastor da igreja. Enquanto a igreja vive uma transição, ela estará sem uma direção clara e objetiva. Por mais bem-intencionados que sejam os líderes, a visão não pode ser delegada, nem para os auxiliares e nem para a diretoria que esteja momentaneamente à frente da igreja. Ainda que a igreja tenha decidido que o pastor que será convidado deverá abraçar Igreja Multiplicadora, a tentativa de ajuda nesse processo pode ser prejudicial ao todo, razão por que é melhor conversar sobre isso com o novo pastor e esperar que ele tome a direção da igreja.

3 – “Quero ver a igreja crescer.”

Creio que o crescimento, em si, seja uma consequência, e não ser uma motivação para a implementação de Igreja Multiplicadora. A bíblia nos informa que quem dá o crescimento é Deus (1Co 3.6). Não há nada de errado em almejarmos o crescimento, mas quando nossa expectativa está tão-somente no resultado quantitativo, geralmente deixamos de perceber o resultado qualitativo na vida de pessoas, a exemplo de novos obreiros sendo despertados, a igreja se tornando mais relevante para a sociedade. Devemos sempre estar focados em pessoas, e não em números.

4 – “É a nova moda.”

Essa é primeiro uma crítica de alguns que nada conhecem da visão, ao passo que, para outros, é uma motivação para iniciar a implementação de Igreja Multiplicadora. Mas essa motivação dificilmente vencerá o desafio do tempo. Caso não haja uma mudança de atitude por parte do pastor, ele certamente irá interromper o processo na primeira dificuldade, seja ou pelos desafios enfrentados, seja pelo fato de se deixar seduzir por um novo “modismo” que lhe pareça mais atrativo.

5 – “Deu certo com a igreja aqui perto.”

Esse é um olhar voltado também aos resultados, de viés totalmente pragmático. Minha pergunta é: Há quanto tempo o pastor daquela igreja “de sucesso” está trabalhando para só agora colher os primeiros frutos? Percebemos que a maioria das igrejas que estão hoje experimentando um crescimento explosivo iniciou o processo de vivência dos princípios bíblicos há mais de dez anos. A pergunta é: Estamos cientes disso e dispostos a pagar o preço da multiplicação?

Poderia recordar outras motivações equivocadas, mas queria encerrar falando da motivação verdadeira para iniciarmos a implementação da visão de Igreja Multiplicadora: nossa obediência em amor a Jesus. Ele disse: “Ide por todo o mundo e fazei discípulos” (Mt 28.19). Isso nunca pode ser encarado como um peso, mas como um desafio amoroso de Jesus. Quando aceitamos esse desafio, podemos sentir, ainda que em pequena porção, o que Ele sentiu, e viver um pouco do Ele viveu.

O crescimento da igreja, é por Ele e para Ele e, como participantes de sua missão, devemos fazer tudo o que estiver dentro de nossas possibilidades para multiplicar discípulos e, assim, ver vida salvas e transformadas que levarão a mensagem de salvação a outros. Meu desejo é que você revisite sua motivação e, caso tenha se identificado com alguma das motivações equivocadas acima, mude de rota agora mesmo e ajuste sua visão.

 

Marcelo Farias – Missionário de Missões Nacionais e pastor da Primeira Igreja Batista de Jardim Monteiro, Rio de Janeiro-RJ     

 

 

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