EVANGELIZAÇÃO DISCIPULADORA: COMUNICAÇÃO E RELACIONAMENTO DE MÃOS DADAS – DIOGO CARVALHO

readingbible3A comunicação do evangelho aliada ao relacionamento discipulador é o que chamamos de Evangelização Discipuladora, um dos princípios de Igreja Multiplicadora extraídos do Novo Testamento.  A ideia é que a proclamação (evangelização) e o cuidado pessoal (discipulado) devem andar de mãos dadas para o cumprimento da nossa missão. Ainda que a Grande Comissão tenha começado a se expressar por meio de sermões públicos, os apóstolos logo entenderam a necessidade de integrar os que criam e ensinar-lhes a obedecer ao que Cristo ensinou. Por isso, os discípulos sempre acolhiam em torno de si as pessoas receptivas ao evangelho. Observem alguns exemplos no Livro de Atos:

  • Em 2.40-42, depois de seu sermão, Pedro “com muitas outras palavras (…) deu testemunho e exortava as pessoas”. Os que aceitaram de bom grado o evangelho foram batizados e começaram a perseverar no ensino dos apóstolos, na comunhão e nas orações. Isso mostra uma dedicação integral dos apóstolos às pessoas receptivas à pregação. No v. 42, os apóstolos “todos os dias, no templo e nas casas, não cessavam de ensinar, e de anunciar a Jesus Cristo”. Ora, para os apóstolos terem estado nas casas, isso dependeu de os seus moradores estarem interessados em conhecer mais sobre o evangelho.

  • Em Antioquia da Pisídia (13.4ss.), Paulo começou pregando o evangelho publicamente na sinagoga. Tendo muitos dos judeus e prosélitos crido, estes seguiram Paulo e Barnabé. Os dois, então, dedicaram atenção imediata a esses, falando-lhes e exortando-os (v. 43). Na semana seguinte, “ajuntou-se quase toda a cidade a ouvir a palavra de Deus” (v. 44). Alguns rejeitaram a mensagem (v. 46), outros creram (v. 48). Os apóstolos se dispuseram a dedicar tempo aos interessados.

  • Em Icônio, Paulo e Barnabé falaram na sinagoga e muitos creram; outros permaneceram incrédulos (14.1,2). Em seguida, os missionários investiram “muito tempo” ali, “ falando ousadamente no Senhor” (v. 3). Fácil perceber que houve da parte dos missionários a preocupação de investir no relacionamento discipulador daquelas pessoas.

  • Em Filipos, por não haver sinagoga, Paulo e Silas anunciaram Jesus a umas mulheres à beira do rio (16.13). Lídia, depois de crer e ser batizada, rogou que os missionários ficassem em sua casa, no que foi atendida (v. 14). Mais tarde, na evangelização do carcereiro, uma vez que ele creu, Paulo e Silas foram até a sua casa. O modelo aqui, mais uma vez, é andar perto daqueles que se interessarem por saber mais do evangelho, inclusive indo até a sua casa.

  • Em Corinto, Paulo “todos os sábados disputava na sinagoga, e convencia a judeus e gregos”, “testificando (…) que Jesus era o Cristo” (18.4, 5). Por causa dos que foram receptivos à mensagem, Paulo ficou ali por um ano e seis meses ensinando a Palavra de Deus, os quais, ouvindo-o, creram e foram batizados (vv. 7-11).

  • Em Éfeso, Paulo, “entrando na sinagoga, falou ousadamente e por espaço de três meses, disputando e persuadindo-os acerca do reino de Deus. Mas, como alguns deles se endurecessem e não obedecessem, falando mal do Caminho perante a multidão, retirou-se deles, e separou os discípulos, disputando todos os dias na escola de um certo Tirano. E durou isso por espaço de dois anos (…)” (19.8-10). Ou seja, o apóstolo, após anunciar ao máximo de pessoas, priorizou aqueles que se interessaram pelo evangelho. Mais à frente (20.20), Paulo relata que, enquanto esteve em Éfeso, ensinava publicamente e pelas A comoção da despedida em 20.36 e 37 retrata a profundidade do relacionamento discipulador desenvolvido por Paulo com aqueles discípulos, agora presbíteros, nesse período.

 

  • Paulo seguiu o mesmo padrão até o fim: em Roma, ele convocou os judeus para lhes pregar o evangelho (At 28.17, 20 e 23). O texto relata que “alguns criam no que se dizia, mas outros não criam” (v. 24). Aos que se interessaram, Paulo dedicou dois anos inteiros para receber em sua casa (uma vez que estava em prisão domiciliar e, por isso, não poderia ir à casa deles): “todos quantos vinham vê-lo”, a quem “ensinava com toda a liberdade as coisas pertencentes ao Senhor Jesus Cristo” (v. 30 e 31).

Por suas epístolas, vemos também que Paulo sempre esteve disposto a consumir a sua vida em cuidado dos novos discípulos. Talvez o texto mais significativo esteja registrado em 1ª Tessalonicenses 2.8, quando diz: “Assim, devido ao grande afeto por vós, estávamos preparados a dar-vos de boa vontade não somente o evangelho de Deus, mas também a própria vida, visto que vos tornastes muito amados para nós”. Paulo sabia que deveria transmitir àqueles novos irmãos não somente a Palavra de Deus, mas tudo que ele era. Poderíamos relatar vários outros textos em que Paulo manifesta seu amor paternal pelas igrejas que estavam nascendo e pelos seus discípulos, como Timóteo e Tito, a quem chamou de filhos (1Tm 1.2,18; Tt 1.4).

De forma intencional, Jesus influenciou vidas que multiplicaram essa influência em outras vidas. Liderou homens que viraram líderes. Os discípulos entenderam e praticaram isso. Nós precisamos fazer o mesmo. Comecemos a fazer discípulos agora mesmo.

Por Diogo Carvalho – Texto Extraído  do livro “Relacionamento Discipulador: uma teologia da vida discipular” do Pr. Diogo Carvalho publicado por Missões Nacionais. Falar em discipulado não é novidade. Mas compreender a perspectiva relacional como essência do discipulado é um retorno ao modelo discipulador usado por Jesus. Acessando este link http://migre.me/tt2Ze você pode adquirir este e outros materiais da visão de Igreja Multiplicadora.

Compartilhe