DIFERENTES FORMAS DE CONHECIMENTO, MESMO MUNDO

child Head.Children Learn to think

“Vou fazer um chá de casca de cebola e você vai logo ficar boa” foi o que minha avó me disse quando lhe contei que estava enjoada por algo que comi. E não é que funcionou? Esse é o chamado conhecimento popular, ou senso comum, um conhecimento passado dos pais para os filhos relacionado à observação da natureza e utilizado para solucionar problemas ou para a sobrevivência. O que fazer quando se é picado por uma cobra ou quantos peixes posso pescar sem esgotar as reservas são informações que podem ser obtidas do conhecimento popular.

Antes de a Ciência existir, esse saber movia o mundo, mas em certo momento da história houve uma ruptura entre o conhecimento popular e o científico, sendo esse último tomado como o mais importante. Ainda hoje podem ser encontradas pessoas que desdenham do conhecimento de um mateiro ou de um pescador, pensando que só a Ciência tem a verdade. Pura ignorância. Muitas descobertas científicas foram resultantes de estudos realizados a partir do conhecimento popular, especialmente na área farmacêutica, dando origem a vários medicamentos.

Esse conhecimento hoje é respeitado internacionalmente e é um dos alvos da Convenção de Diversidade Biológica, tratado internacional assinado na Rio92. No Brasil há regras para o uso desse conhecimento em pesquisas e desenvolvimento tecnológico desde 2000 e ano passado essas regras foram reeditadas na forma de Lei (Lei 13.123/ 2015). Isso parte do respeito aos conhecimentos diferentes da Ciência como legítimos no entendimento do mundo ao nosso redor. A Ciência e o Senso Comum são formas diferentes de entender a mesma realidade. Não são opostos, como alguns ainda pensam, também não são iguais, mas se complementam.

O conhecimento religioso é outra forma de enxergar o mesmo mundo. Falando mais especificamente do conhecimento cristão, alguns o tratam como coisa do passado que só pode ser aceito por quem não pensa, por quem não conhece a Ciência. De novo, pura ignorância. A crença em um Deus criador foi e ainda é um estímulo para cientistas cristãos. Os relatos de vida de grandes cientistas da história como Kepler e Newton mostram como o pensamento cristão impulsionou o desenvolvimento da Ciência. Grandes cientistas cristãos da atualidade também não encontram nenhuma oposição entre o pensamento cristão e o científico, porém os enxergam como complementares. Podemos citar Andrew Briggs, professor de nanomateriais da Universidade de Oxford e pesquisador em processamento de informação quântica e Jennifer Wiseman, astrofísica que atualmente trabalha na NASA como cientista sênior do projeto do telescópio Hubble.

Meu desejo é que você busque conhecer mais os cientistas cristãos e seus testemunhos para entender como a visão teísta se encaixa perfeitamente nas descobertas científicas. Afinal, o Deus que assina a Bíblia é o Deus que assina o mundo.

*Sorele Batista Fiaux – Congrega na Igreja Batista Itacuruçá na cidade do Rio de Janeiro. Engenheira Química, mestre e doutora em Processos Químicos e Bioquímicos pela UFRJ. Docente e pesquisadora da Universidade Federal Fluminense, onde coordena o Laboratório de Tecnologia Microbiana.

Compartilhe