Características indispensáveis a um discipulador de crianças – Jaqueline Santos

Pais DisicpuladorAs crianças precisam de discipuladores que sejam: amigos que agem como membros da família; modelos que mostrem a elas como um cristão age; orientadores que tornam mais fáceis para elas a compreensão sobre oração e como seguir Jesus; pastores que cuidam delas nos momentos de crise ou quando têm problemas; confidentes, pois são leais, ouvem seus segredos e não contam a ninguém; equipadores que as ajudam a servir a Jesus e às outras pessoas; conselheiros que escutam com amor e falam com o coração, tendo a preocupação com os seus sentimentos. Para ser um discipulador de crianças é preciso amá-las, pois como uma pessoa que não goste de crianças poderá se comprometer com elas?

É preciso considerar que, com relação ao RD das crianças, temos duas situações que podem acontecer: o adulto com a criança (especialmente seus pais) e a criança com outra criança.

Primeiro, os pais precisam ser os principais relacionamentos discipuladores de uma criança, como dissemos acima. Creio ser importante reforçar a ideia de que o exemplo pessoal e em casa será mais forte do que qualquer palavra dita. Nesse sentido, precisamos nos lembrar do Capítulo 1, quando falamos sobre modelo e influência. Quanto maior for o modelo desse discipulador, melhor será a influência sobre a criança. Por isso, quanto mais a criança puder ver pais vivendo a Palavra de Deus, mais ela irá seguir esse exemplo. Quando a criança não tem pais cristãos, os membros da igreja devem assumir esse papel de pais espirituais e influenciar a criança em sua caminhada discipular.

Com relação ao adulto enquanto discipulador das crianças, precisamos trabalhar com a intencionalidade de formá-las como discípulos de Jesus, sabendo que isso é uma dádiva que recebemos do Pai e que precisa ser passada adiante. Precisamos que os discipuladores entendam sua responsabilidade relacional com esta geração de crianças e vivam para influenciá-las com os valores do Reino, crianças essas que, por sua vez, também virão a ser líderes que influenciarão a muitos. Você entende que visualizar o ministério com crianças com esse olhar traz um novo significado para nossa tarefa? Você percebe que Relacionamento Discipulador com crianças vai muito além de coordenar atividades e programas? Você conseguiu entender que Relacionamento Discipulador é viver o evangelho de forma a influenciar a vida das crianças para que estas queiram seguir Jesus?

Precisamos de mais do que líderes de ministério infantil. Precisamos de verdadeiros discipuladores de crianças. Se você é um líder de crianças, meu desejo é que comece a se ver como um discipulador. O discipulador precisa ser uma pessoa de oração, uma pessoa profundamente comprometida com Jesus e com sua igreja, alguém que demonstre em suas atitudes aquilo que ensina, alguém que seja afetuoso sem invadir os limites de segurança da criança, uma pessoa que se relacione, acolha, demonstre cuidado e zelo pelas crianças, que ensine a Palavra de Deus.

Podemos resumir estas características em três verbos principais, afirmando que o discipulador precisa Ser íntegro e cheio da presença do Espírito Santo, Viver os princípios bíblicos de forma autêntica e Conviver com as crianças. É preciso considerar que um relacionamento discipulador tem que ser de profunda confiança. É preciso conhecer quem assumirá o papel do discipulador quando os pais da criança não são cristãos. É preciso supervisioná-la diretamente para proteção da criança e do ministério local como um todo.

A outra questão é que precisamos ensinar as crianças a desenvolver com seus colegas, parentes e conhecidos relacionamentos que tenham a intencionalidade de conduzi-los a uma experiência pessoal com Jesus. Quanto mais cedo a criança aprender que o fazer discípulos é um estilo de vida, mais natural esse processo vai se tornar em sua vida. O fazer discípulos é a atividade essencial da igreja. Onde a criança está, ela deve testemunhar do Salvador.

A criança deve ser motivada a desenvolver RDs como prioridade na escola, em sua vizinhança, seja na rua ou condomínio, entre seus parentes e onde mais ela estiver convivendo com outras crianças. A criança precisa ser ensinada a testemunhar em suas ações e influenciar outras crianças para também conhecerem Jesus. Suas amizades são relacionamentos naturais que podem se tornar intencionais no processo de formação de novos discípulos, se as ensinarmos a fazer isso. Os adultos sempre foram vistos como os evangelistas de crianças. Mas hoje podemos preparar as crianças para essa tarefa porque, assim, entenderão desde cedo o que é ser um discípulo multiplicador. Crianças de hoje não estão mais tão dispostas a ficar sentadas dentro de uma sala apenas para ouvir o que temos a lhes dizer, um ensino sem ação; assistir sem participar; ouvir mensagens sem assumir compromissos. Esta geração é proativa e está disposta a ser radical em suas ações. Precisamos capacitá-las para ganharem seus amigos, resgatá-los da destruição deste mundo para uma vida que não tem fim.

Considere que toda criança tem amigos significantes em sua vida. Alguns são membros da família, alguns estudam na mesma escola, alguns são vizinhos. Todas essas crianças podem ser alcançadas pelas crianças que estamos discipulando, e o discipulador deve motivar cada uma a listar o nome de todos os amigos que ainda não seguem Jesus. O discipulador deve procurar conhecer as crianças e ajudá-las a identificar aqueles que estão abertos e sensíveis, sem esquecer o papel da família na vida da criança.

No caso de crianças com família na igreja, o discipulador precisa ter o canal de comunicação aberto com essa família na caminhada discipular da criança, sendo um parceiro nesse processo. Crianças sem família na igreja precisam ser “adotadas” espiritualmente para que sejam acompanhadas. O tempo que elas ficam em casa é superior ao que passam com o discipulador. Nesse caso, visitas, mensagens, oração e telefonemas diários ou semanais serão fundamentais.

Visitar a família, conhecer o ambiente onde a criança vive e explicar para a família todo o processo que a criança está vivendo ajudará muito e a forma afetuosa com que essa criança está sendo tratada pela igreja será de grande testemunho. Algo importante ainda a ressaltar e que nos faz pensar foi dito pelo por Marcos Paulo Ferreira:

O discipulador não é o líder ou dono do discípulo, mas sim deve ter uma característica de servo, aquele que está sempre perto, pronto para enfrentar junto com seu discípulo as dificuldades, ajudando-o a vencê-las na dependência do Senhor. Discípulo é aquele que se submete à orientação e senhorio de Deus através da vida de seu discipulador, buscando crescer e frutificar como discípulo de Cristo. Discipulador é aquele que tem a responsabilidade diante de Deus de moldar a vida do discípulo, entendendo que prestará contas a Deus de seu discipulado. Vida na vida é outro conceito que precisa ficar bem guardado por quem está envolvido com a evangelização discipuladora de crianças. É o momento no qual o cuidar da vida pessoal do discípulo deve ser uma prioridade do discipulador. O discípulo precisa desenvolver confiança em seu discipulador para poder compartilhar situações pessoais nas quais precisa de ajuda, tais como: dificuldades nos relacionamentos familiares, dificuldades na vida pessoal ou escolar, conquistas pessoais e familiares.

Vimos até aqui o quanto o RD é decisivo para que as crianças tenham um encontro com Jesus e também conduzam outros a conhecê-lo. Aprendemos que os filhos dos crentes precisam ser discipulados à maneira bíblica, e as crianças ainda não convertidas precisam ser encontradas e “adotadas” por pais espirituais para que tenham a oportunidade de ouvir o evangelho por meio de alguém que lhes apresente.

Por Jaqueline Santos – Missionária dos batistas brasileiros e líder de todo o movimento de evangelização da nova geração na Junta de Missões Nacionais. Este texto é parte de um dos seus livros: “Evangelização Discipuladora de Crianças – Formando uma Nova Geração de Discípulos” Clique em http://migre.me/twcWp conheça o livro e tenha informações.