A BEIRA DO CAMINHO – JAQUELINE SANTOS

A beira do caminhoCerta vez li um texto de Ariovaldo Ramos falando sobre as crianças esquecidas. Me emocionei porque percebi que muitas vezes há milhares delas bem ao meu lado e nem percebo. Inspirada naquele texto que li compartilho algumas das reflexões que me fizeram pensar e mudar de atitude na esperança que produza o mesmo resultado na vida daqueles que terão oportunidade de ler.

A situação do mestre da lei retrata bem o estado da igreja brasileira. Temos pensadores e teólogos de todos os tipos, temos ótimas escolas de teologia, mas continuamos sendo uma igreja que sabe ‘tudo’ sobre Deus, mas não sabe a quem amar.

Jesus mostrou como a misericórdia e amor devem ser demonstrados de forma prática, porem nós não conseguimos entender isso, porque o evangelho que vemos no Brasil é o evangelho do mestre da lei: um evangelho capaz de dizer  “Eu sei o que é amar a Deus, mas não sei quem é o meu próximo”.

A criança é quem está à beira do caminho. Não é apenas uma questão de ver com os olhos, mas sim com o coração aquelas que precisam ser amadas e tratadas com misericórdia. O Brasil tem uma pessoa agonizando à beira do caminho. É uma criança que sofre pelo descaso do Estado, pela falta de politicas públicas, pela violência doméstica, pelos abusos, pelo abandono familiar, pelas dificuldades de uma adoção tardia, pela ausência de uma educação de qualidade e saúde pública capaz de intervir diante de uma enfermidade inesperada.

Não podemos continuar agindo como o mestre da lei. Precisamos sim nos identificar com aqueles que estão necessitando de cuidado, ao invés de passar de largo pelas crianças estiradas, precisamos socorrer aquelas que representam o futuro deste país. Isso é verdadeiramente viver a Compaixão e Graça. Precisamos perceber as crianças que estão à beira do caminho tais como: as crianças indígenas e o infanticídio cultural que ainda é um problema comum em algumas aldeias; as crianças sem registro civil, inexistentes perante o Estado e sem nenhum direito; crianças vitimas de violência armada organizada vivendo sob o “regime paralelo” do crime; crianças que vivem em trabalho forçado, algumas vezes em regime de escravidão infantil; crianças vítimas de aborto e que tem seu direito a vida negado ainda no ventre; crianças vivendo nas ruas das grandes cidades algumas vezes entrando na dependência das drogas; crianças que não tem oportunidades de convivência social por conta dos preconceitos que atingem aquelas que necessitam de acessibilidade.

O coração que ama a Deus serve o próximo caído à beira do caminho.

Por Jaqueline Santos – Missionária dos batistas brasileiros e líder de todo o movimento de evangelização da nova geração na Junta de Missões Nacionais. Ela é autora do livro “Evangelização Discipuladora de Crianças – Formando uma Nova Geração de Discípulos” Clique em http://migre.me/twcWp conheça o livro e tenha informações.

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