Líderes que inspiram
“E ele designou alguns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas, e outros para pastores e mestres, com o fim de preparar os santos para a obra do ministério, para que o corpo de Cristo seja edificado, até que todos alcancemos a unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus, e cheguemos à maturidade, atingindo a medida da plenitude de Cristo.” (Efésios 4.11-13)
Você pode ter o seu perfil peculiar de líder e sua forma própria de liderar. Porém, o que fará a diferença para saber se a sua liderança realmente inspira outros é, quando aparecer uma oportunidade de seus liderados seguirem outro caminho, eles preferirem andar com você. C. Gene Wilkes retrata essa ideia: “Você não será um líder até que o grupo que você estiver liderando afirme isso”.
Temos uma ideia muito vaga sobre liderança e nos falta suficiente capacitação para o exercício dela. Sinto-me constantemente desafiado a conhecer um pouco mais sobre o assunto. Ao avaliar momentos em que minha liderança foi exigida ao máximo, sempre encontro pontos para melhorar, o que às vezes pode ser frustrante.
Quando compreendemos que liderar é uma atribuição dada pelos liderados, entendemos que o bastão da liderança está, na realidade, nas mãos deles. Muitos líderes têm medo dessa perspectiva, temendo serem considerados descartáveis. Para esses líderes, todo o sucesso, assim como todas as respostas, são realizações do líder, e os liderados são executores, nada mais. E, para isso, o papel do líder é encontrar liderados em quem possa confiar para obter os resultados que planejou sozinho.
Contudo, a verdadeira liderança é conferida pelos liderados, ao líder. São eles que vão colocar a confiança no líder. Para tanto, os liderados precisam se sentir seguros de que não serão traídos, sendo que, em muitos casos, a experiência prévia deles foi de decepção com a liderança.
Portanto, precisamos exercer uma liderança servil, que consiga equilibrar autoridade e serviço. Para isso, o grande desafio é liderar a si mesmo.
Lidere suas frustrações
Para o exercício de nossa liderança, precisamos aprender a lidar com todo tipo de frustração, seja conosco, seja com os resultados ou com os liderados. A verdade é que, muitas vezes, queremos alcançar o máximo investindo com mínimo em nossa própria capacitação ou de nossos liderados, e os resultados não poderiam ser diferentes.
“Se você acha que educação é cara, experimente a ignorância.” Derek Bok
Quando estou diante de um grande desafio, pergunto-me: O que realmente quero? Se provar que estou certo, terei o resultado almejado, ou será apenas uma questão de provar que estou certo? Há uma pergunta muito comum no aconselhamento de casais que funciona também aqui: “Você quer ser feliz ou quer ter razão?”. Quando o foco está no resultado, atropelamos tudo pela frente. Mas quando o foco são as pessoas, sempre vamos decidir pelo que cause o menor dano a elas.
Lidere seus objetivos
Você sabe para onde está indo?
A visão de Jesus foi transmitida de maneira clara aos discípulos e baseada em princípios que moldaram a vidas deles. Às vezes pensamos que visão é um assunto dos modernos círculos de liderança, mas a verdade é que Jesus afirmou o tempo todo o que estava fazendo e aonde queria chegar: “Disse Jesus: “A minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou e concluir a sua obra” (João 4.34). No Evangelho de João, capítulo 14, Jesus também descreve as razões de sua morte e todo o processo que se seguirá após a sua partida.
Precisamos investir na vida de nossos liderados de maneira a deixar claro o que estamos fazendo e para onde estamos indo. Isso não bastará para o exercício da liderança, mas facilitará o caminho dos liderados na compreensão das decisões tomadas e na visualização da direção seguida. Lembremos que o exemplo de Jesus não foi fácil de ser assimilado pelos liderados e muitos só o entenderam com o passar do tempo. Mas para isso Jesus também estava preparado: “Um pouco antes da festa da Páscoa, sabendo Jesus que havia chegado o tempo em que deixaria este mundo e iria para o Pai, tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim” (João 13.7).
Lidere sua igreja
Precisamos falar ao coração dos liderados, mas, antes que isso aconteça, precisamos seguir um estilo de vida que reflita o nosso compromisso e caráter.
Impossível falar disso sem lembrar Jesus, e todo o compromisso e a inspiração que trazia à vida dos seus discípulos. Eles acordavam prontos para sair em mais uma jornada de ensino que transformaria a sua vida. Não se pensava em tirar um dia de folga, por mais cansativa que tivesse sido a última caminhada, porque isso poderia significar perder algum ensinamento precioso. A cada passo que davam atrás do mestre Jesus, mais aprendiam e viam suas vidas mudadas. Ainda que algumas lições expusessem crises pessoais nos discípulos, eles as viam como um ganho muito superior a qualquer constrangimento momentâneo. O que ocorreu em todos esses momentos foi que a compreensão da mensagem ainda não havia sido completamente entendida pelos discípulos. No entanto, deixar de segui-lo não estava nos planos deles, diante de tantas maravilhas que tinham presenciado e de como estavam cheios convicções e motivações para estar com Ele. A cada passo, a vida deles foi sendo preenchida de algo muito maior do que poderiam sonhar.
Pastores não são eleitos e empossados em uma única data e, dali em diante, tornam-se líderes permanentes da igreja de forma automática. Na realidade, todo pastor precisa a cada dia conquistar um nível maior de confiança e credibilidade de sua igreja. E isso não quer dizer fazer o que os liderados querem, mas inspirar a vida deles dia após dia. Liderança não é algo que você persegue. É algo que os outros lhe ofertam.
Marcelo Farias – Missionário de Missões Nacionais e pastor da Primeira Igreja Batista de Jardim Monteiro, Rio de Janeiro-RJ
